Notícia mais que triste para o Carnaval 2018. Atração de peso no carnaval de rua da capital federal, o bloco Babydoll de Nylon anunciou que não participará das festividades de Momo em 2018. O grupo promoverá uma coletiva de imprensa às 9h desta sexta-feira (19/1) para detalhar os motivos da decisão, que afetará milhares de foliões. A assessoria do bloco antecipou que a decisão tem a ver com falta de estrutura. O grupo deve voltar às ruas somente no ano que vem.
“Uma das coisas que colocamos em relação ao carnaval de 2018 foi a complicação gerada, principalmente, pela falta de incentivos. No ano passado, reunimos 160 mil pessoas. Por isso, precisamos de uma estrutura um pouco maior, e nem a Secretaria de Cultura nem o GDF nos deram essa opção neste ano”, informou o Babydoll de Nylon por meio da assessoria.
Em nota, a Secretaria de Cultura comunicou que não foi informada a respeito da decisão.
Reclamações
Outros blocos da capital também apresentaram reclamações em relação ao carnaval de 2018. A produtora cultural e articuladora do Coletivo dos Blocos Alternativos de 2018 Dayse Hansa conta que vários grupos têm encontrado dificuldade de se comunicar com a Secretaria de Cultura do Distrito Federal e que, a menos de um mês para as festividades, o processo de seleção dos artistas que se apresentarão não inclui uma distribuição adequada.
“Para nós, não cabe pensar na organização de um evento como esse a menos de 30 dias. Precisamos ter uma pré-produção com um tempo muito razoável. A nossa situação com o GDF e, mais especificamente, com a Secretaria de Cultura, é a falta de diálogo porque estamos sedentos de informações. As questões mais sensíveis são o horário para apresentação e a arbitrariedade do edital”, afirma Dayse.
Segundo Dayse, o coletivo apresentou uma série de sugestões para modificar a forma que o edital beneficiará os artistas selecionados e distribuiria os R$ 525 mil destinados às atrações. No entanto, para serem escolhidos, os participantes devem acumular pontos de acordo com diversas especificações do edital. Entre elas, blocos ou atrações artísticas com mais de 5 anos de atuação têm peso 3 no cálculo da pontuação.
“O edital beneficia artistas mas não beneficia o conjunto do carnaval de rua, realizado por blocos, artistas de rua profissionais e amadores. Qual vai ser o bloco de rua que vai conseguir comprovar um cachê de 30 mil reais por uma apresentação de duas horas? Nos últimos 5 anos são as pequenas atrações e pequenos blocos que têm construído a politica de carnaval daqui e não vimos isso refletido no edital de cachês”, explicou a produtora cultural.
Demandas gerais
A Secretaria de Cultura (Secult) informou, por meio de nota, que o edital visou atender tanto às solicitações de artistas locais quanto àquelas apresentadas pelos representantes de blocos de rua. Segundo a pasta, os artistas que participarão ainda não foram selecionados e, realizar as modificações sugeridas pelo coletivo implicaria em uma mudança do objeto do edital, alteração que resultaria na divulgação dos resultados somente após o carnaval.
A pasta ainda reconheceu que o contato com os coletivos de blocos de rua ocorreu com atraso, mas reforçou que as inscrições para participar do edital de chamamento público estão abertas e que a distribuição das atrações ocorrerá apenas após o resultado do certame.
“Para o processo de seleção, uma comissão composta por membros do poder público e da sociedade civil selecionará os 40 artistas, que se apresentarão no Carnaval. Diante do pleito da comunidade cultural para rever o número de atrações e cachês do edital, a Secretaria de Cultura não pôde atender, pois acarretaria na republicação do edital, o que inviabilizaria seleção em prazo suficiente para atender a demanda do Carnaval”, informou a nota.
Já em relação ao tempo de desfile, a Secult afirmou que todos os blocos têm a liberdade de estipular os horários em que permanecerão na rua. ” Cabe à administração pública, via Centro Integrado de Atendimento ao Carnavalesco (Ciac), convocar o responsável pelo bloco para negociação de horários (e nunca imposição) para analisar alternativas de mudança de horário, de modo a atender a demanda do bloco, a da vizinhança (em caso de blocos que saiam em áreas residenciais) e do próprio folião, que precisa ter garantido seu acesso aos serviços básicos do estado, a exemplo de transporte público”, concluiu o texto.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niedarauer
Fonte: Jornal Metrô
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