Transporte público durante o carnaval do DF: demanda por melhorias e tarifa zero
“Brasília é uma cidade construída para carros.” Quem é brasiliense certamente ouviu algumas vezes essa afirmação, porém, de qual Brasília estamos falando? Os pilotis sustentam nosso ideal de ocupar e transitar livremente pela cidade na qual vivemos e voamos nas asas de norte a sul, principalmente no carnaval.
Ploc! Após estourar a bolha quadrada e tombada, vamos falar sobre o transporte público no carnaval do DF símbolo da segregação social que separa as cidades “irmãs” de Brasília. O DF está tomado por diversos blocos carnavalescos, espalhando alegria e pertencimento pelas pracinhas, parquinhos, feiras permanentes.
Porém, caso a foliona/folião queira curtir um carnaval longe de casa é bom garantir uma carona solidária (com amigue da vez para não ficar na blitz) para voltar para casa após a folia. A frota é insuficiente para a demanda de usuárias/os. Esta situação já foi reinvidicada pelo coletivo dos Blocos de Rua do DF. Nossa reportagem acompanhou, inclusive a inclusão da Tarifa Zero como pauta de negociação. Afinal é dever do Estado promover e garantir o acesso à Cultura e a fruição dos bens Culturais. E assim possibilitar ao povo a prestigiar sua Cultura e a maior festa popular do planeta.
Um dos agravantes à situação é a questão dos horários. O termo “matinê” ganhou as redes sociais em protesto a imposição do GDF, que limita a maioria dos blocos a terminar às 22h. Segundo o DFTrans foram colocados 150 ônibus a mais nas ruas durante o carnaval. Já a operacionalização do metrô irá de 7h às 00h até terça-feira (13/2). Na quarta-feira, os embarques se encerram às 23h30 e iniciam às 6h.
Para a psicóloga e foliona do Pacotão Ana Maria Rizzo “O tema do Pacotão este ano deveria ser pula a catraca em protesto ao assalto que é andar de ônibus em Brasília, quando tem ônibus”, afirma.
A equipe do Carnavalesca.org recolheu alguns depoimentos sobre mobilidade, direito a cidade e transporte público no DF durante o carnaval. Segundo o escritor Thiago de Barros, “precisamos falar dos assaltos na rodoviária pra quem tenta ir enquanto ainda tem ônibus. A polícia nem aí. Todos concentrados em expulsar os ambulantes e desarticular a folia”.
Outro relato sobre o transporte público no DF é da musicista Kiki Oliveira, moradora de Sobradinho. “Os ônibus estavam absurdamente lotados, tentei ir no terceiro que passou, entrei no ônibus e não percebi as duas janelas de emergência estavam quebradas. As pessoas gritavam que não cabia mais ninguém. O motorista desceu do ônibus e em menos de cinco minutos chegaram uns seis ou sete camburões. Resultado mais de trinta pessoas, a maioria homens jovens tomando baculejo”. Uma abordagem mais humanizada da PM aos foliões nas ruas é outra importante reivindicação dos organizadores os blocos e escolas de samba do DF.
Enquanto a solução não chega, sugerimos que a carona solidária, bikes, transporte alternativos faça parte do nosso cotidiano. E que a mobilidade urbana seja garantida para que possamos brincar o carnaval sempre.
Fonte: Carnavalesca.org