NOTA – MANIFESTO BLOCOS DE RUA – CARNAVAL 2018

Foto: Rafaela Felicciano – Metrópoles

Nota – Manifesto

Nossos grupos,coletivos e blocos carnavalescos por meio desta nota expressam, primeiramente…. (FT !!!) E que sim teremos carnaval em 2018, no DF ! Teremos carnaval e neste ano brincaremos a folia – nosso maior tesouro criativo e cultural – com o desafio de há apenas 1 mês do carnaval termos a exclusividade da nossa disposição, criatividade e coragem como ÚNICAS certeza de que a festa está garantida.

Ainda que estejamos cientes de que a política pública para o carnaval seja justamente a ausência de política, esperávamos que os acordos mínimos e acúmulos de debate fossem cumpridos pelo poder público.

Entre expectativa e realidade sabemos que existe muita distância. Porém, temos (ainda) direitos e deveres garantidos neste país: seja pela Constituição Federal, nos artigos 5, 19, 215, 216 – especialmente no previsto sobre direitos culturais, direito à liberdade de expressão e direito à ir e vir, e/ou por pactos e tratados como a declaração universal dos direitos humanos e pacto de San Jose da Costa Rica.

E também entendemos enquanto deveres:

“Os princípios básicos da administração pública estão consubstancialmente em doze regras de observância permanente e obrigatória para o bom administrador: legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação e supremacia do interesse público. Os cinco primeiros estão expressamente previstos no art. 37, caput, da CF de 1988; e os demais, embora não mencionados, decorrem do nosso regime político, tanto que, ao daqueles, foram textualmente enumerados pelo art. 2º da Lei federal 9.784, de 29/01/1999.”

Neste sentido, nos manifestamos coletivamente, sobre a ausência de diálogo e ações transparentes na gestão do carnaval. Este ano não houve uma avaliação qualificada com os blocos sobre o carnaval de 2017. Foram encaminhadas ações, inicialmente propostas por integrantes dos Blocos de Rua do DF, mas que foram transformadas em ações esvaziadas de sentido ao não incluírem e dialogarem conosco. Podemos citar o “Seminário sobre Carnaval” – construído de forma autoritária e verticalizada, sem nenhuma consulta a nossa categoria.  E até o presente, sem nenhuma devolutiva, ou seja, sem nenhum resultado compartilhado conosco.

No entanto, este mesmo Seminário foi uma oportunidade de importantes encontros e palco para figuras expressivas do campo da Cultura. Porém, poucas pessoas da sociedade civil do DF compuseram a programação. Tornando este seminário uma catequese e uma colonização sobre nossa autonomia LOCAL de fazermos nosso carnaval no DF, como acontece desde que Brasília foi fundada. Portanto, temos acúmulo suficiente para nos pensarmos e solucionarmos enquanto sociedade carnavalesca.

Desta forma nem participamos da construção do Seminário, nem tampouco tivemos a possibilidade de sermos protagonistas durante o evento. Uma vez que a atividade foi proposta para que nos organizássemos e nos (re)conhecessemos – nós aqui do DF – enquanto blocos alternativos, oficiais, escolas de samba, territórios e demais formatos carnavalescos.

Alguns meses depois, fomos surpreendidas/os por um edital de patrocínio ao qual não tivemos (também) participação na construção. E, infelizmente, o edital usava da nossa cidadania criativa para captação de recurso sem diálogo conosco. E, novamente, infelizmente previa como objeto itens que não são demandas nossas e NENHUMA referência ao pagamento de cachês artísticos – amplamente, pautado por nós como condição básica, mínima para realização de  atividade carnavalesca. Chegamos a cogitar se este edital efetivamente foi realizado de boa  fé, porque temos a impressão de ter se tratado de um documento sem objetivo efetivo de ser realizado.

E realmente o edital não foi exitoso… Então, recebemos comunicado para realização de um cadastro online, sem nenhum diálogo, sequer sensibilização da nossa comunidade para com o mesmo. No entanto, a explicação sobre o motivo e objetivo deste mapeamento foi superficial e inócua. E muitas tentativas de cadastro não foram efetivadas por “falha no sistema”.

Este cadastro nos parece, mais uma vez, uma iniciativa de nos qualificarem pelo viés policial-patrimonialista. Enquanto, prioritariamente, deveríamos ser qualificadas/os pela nossa potência criativa e artística. Deveríamos ter escuta efetiva. Deveríamos ser respeitadas e respeitados enquanto responsáveis pela realização da maior ação cultural do planeta. Porém… infelizmente, somos criminalizadas/os, vulnerabilizadas/os, e literalmente atacados por gás lacrimogênio.

Sim, gostaríamos que fosse fantasia, mas é a mais dita dura realidade. Há 3 anos somos tratados com gás de pimenta, na apresentação única que preparamos durante o ano todo para brincar. Descaso, dívidas, exposição e condicionamento a meia dúzia de intolerantes que se intitulam donos da cidade.

E que fazemos questão de ressaltar cidade que não tem dono. Cidade que foi criada para pessoas de todas as classes, cultos, gêneros, raças. Cidade carnavalesca, sim ! Cidade dos encontros, dos beijos, dos batuques, dos cortejos. Cidade de carnaval, sim !

Portanto, reiteramos a necessidade imediata de uma campanha que reivindique tolerância. Especialmente, no carnaval. Afinal, o carnaval é uma grande escola de coletividade, convívio e interação social. Na qual a alegria e a liberdade são os pilares.

A nossa diversidade de formatos é nossa força. Muitos são os benefícios sociais do carnaval. Certamente, os ganhos sócio-ecônomicos merecem destaque. O carnaval é um tesouro – tangível e intangível do DF. Nesta perspectiva, o carnaval deveria ser uma política pública estruturada e reconhecida. Nos mesmos critérios e parâmetros das demais linguagens criativas.

E com aportes proporcionais a seu legado. Sim, estamos explicitamente nos posicionando sobre o carnaval não ter lugar nos Conselhos de Cultura, nenhuma linha de fomento no Fundo de Apoio à Cultura, por exemplo. E nem sequer considerado no “mapa das nuvens” cartografia da cultura do GDF, que é constantemente apresentada como condição para que tenhamos acesso a algum direito nosso. Mas, que sequer tem a linguagem carnaval considerada na plataforma.

Sabemos que nesta terça 19.12.2017 foi aprovada na CLDF a emenda parlamentar  de n.710, que destina R$ 5 milhões para o carnaval do DF em 2018. (O triplo do valor investido este ano). Reivindicamos controle social sobre este recurso. Exigimos participação no plano de empenho deste recurso e elaboração dos critérios de uso deste montante.

Entre tantos desafios e entraves, consensuamos que esta infelizmente é a política oficial de carnaval do GDF. E que cabe a nós seguirmos mantendo a alegria e nosso tesouro criativo. Além de, reivindicarmos o mínimo: resposta sobre as estruturas para nossos cortejos e brinquedos neste ano de 2018. E transparência, diálogo, cumprimento dos pactos e construções (as poucas existentes) coletivas. E respeito a nossa autonomia. A construção política e determinações sobre nossos formatos, trajetos, territórios e atrações.

Convidamos a toda sociedade a brincar conosco. E que 2018 façamos História a favor do carnaval.

Blocos do Carnaval de RUA DF – 2018

Bora pra Cuba

Bora Coisar

Blocada

Falta Pouco

Perseguidas

Bloco dos Prazeres

Bloco do Quadrado

Maria Vai Casotras

Bloco do Peleja

Me Engole que eu Sou Jiló

Bloco Rejunta Meu Bulcão

Bloco Espírito Celta

Bloco Ska Niemeyer

Bloco Já Chegou Quem Faltava

Bloco do Ventoinha

Bloco Encosta que Cresce

Bloco do Amor

Bloco Vai com as Profanas

Bloco Suvaco da Asa

Bloco do Rivotrio

Bloco das Divinas Tetas

Bloco Filhos de Zé

Bloco Subterrâneas Des.Generadas

Bloco Ewe Soul Groove e Batucada

Carnapet

Bloco Babydoll de Nylon

Bloco Confronto Sound System

Bloco do Aparelhinho

Bloco Abrindo a Roda

Bloco Essa Boquinha Eu já Beijei

Bloco Thutankasmona

Bloco Carnapati

Bloco Segura o Coco

Bloco Vilões da Vila

Bloco do Pacotão