Mocidade do Gama

Em outubro de 1985, nascia a Mocidade Independente do Gama sob a forma de bloco carnavalesco oficializando a primeira entidade carnavalesca genuinamente gamense. Antes disso, acanhadamente, outros movimentos de folia momesca se estabeleceram em representação na cidade e acabaram perecendo. A Mocidade do Gama, nasceu forte com quadra de ensaio, sob as cores da sua homônima a Mocidade Independente de Padre Miguel-RJ, famosa verde-branco do Dr. Castor de Andrade. Este renomado banqueiro do jogo do Rio de Janeiro e também presidente do A.C Bangú, foi também o patrono de fundação da Mocidade do Gama, ao lado do ex-governador do DF José Aparecido de Oliveira.

Historicamente a Mocidade do Gama veio ao cenário carnavalesco através de uma fusão com a Independente de Brasília, da eterna “dama do samba”, Iza Barbosa. Em fins de setembro de 1985. Iza procurou-me na redação do Jornal Ultima Hora de Brasília, no SIG. Já havíamos manifestado em matérias no jornal, que a cidade satélite do Gama teria uma agremiação carnavalesca para representá-la oficialmente. Assim, na sede daquele jornal nascia o acordo selado e testemunhado por Paulo Roberto, Iza Barbosa, Oduvaldo Chagas (mestre Dudú) e Inocêncio Aragão.

Tudo certo, marcou-se para a sede do CDS – Centro de Desenvolvimento Social, no Setor Central do Gama, a primeira assembléia, já com os fundadores, oficiais e convidados remanescentes dos três movimentos que ensaiaram ou preconizaram o carnaval do Gama nos anos 60/70.

À reunião compareceram: ex-dirigentes e sambistas do bloco do “Toim Preto”, (da quadra 7 do Gama Sul); do Bloco Laranja Mecânica (da quadra 19/20 Setor Leste); Zé Campos, Jorge Campos, Silvão, James Allem, Nêgo Caô, Marcelo do Pandeiro, Skindim, entre outros, como Paulo Avellar (ex-presidente-carnavalesco) da escola de samba Perdidos do Mar (da Área Alfa), escola de samba dos marinheiros e fuzileiros navais, que entre 1964/66, ensaiavam na cidade do Gama. Da Independente de Brasília, vieram além de Iza Barboza, Aragão, Edilson Crilanovitch, Wellingtom Souza, Manoel de Xangô, Alaídes Souza, Vó Júlia, Dudú, Edneu, Cidinho, Edinho de Magalí e Marquinhos Mocidade (1º puxador – interprete).
Pela Mocidade do Gama, Paulo Roberto, Reginaldo Souza, Reginaldo Braga, Everton Rosa, Carlos Augusto de Macedo, todos oriundos da Liga de Futebol do Gama e Francisco Silva o (carioca ou cajú), para comporem a primeira diretoria na primeira assembléia geral e registros históricos da fundação. 15 dias depois das comemorações do aniversário do Gama (25 anos/Jubileu de prata), nascia a Mocidade Independente de Brasília, absorvendo a “Independentes” fundada em 1967 Núcleo Bandeirante (então radicada na Asa Norte). Sob o enredo “mês de junho em fevereiro” (Iza Barbosa e Marquinhos Mocidade), a Mocidade fez seu primeiro desfile oficial, sagrando-se vice-campeã, empatada com a Mocidade de Planaltina. O primeiro ensaio aconteceu no ginásio coberto do Gama, com a xaranga do Gamão (primeiro encontro da futura bateria), tendo como puxadores do ensaio duas mulheres: Selma Costa (ex-vedete da Rádio Nacional), Iza Barbosa, Edinho da Magalí, Marquinhos Mocidade e Skindim e Zé Campos se revezando nos microfones.

Em 31 de outubro 1985, foi inaugurada a quadra de ensaios. Até então, apenas Aruc e Asa Norte possuíam sedes. Por isso a Mocidade já nascia forte e com expectativas de um futuro promissor. Os jornais e a TV, estamparam e divulgaram o apoio de Castor de Andrade e do ex-governador José Aparecido. Assim, com a determinação do governador do DF, no governo itinerante de aniversário da cidade, foi oficialmente anunciada a construção da quadra no Estádio Bezerrão. Coube a RA II, através de Pedro Alves, administrador regional à época, construir o muro de placas pré-moldadas e as divisórias de bar, banheiros e improvisado palco. Uma estrutura de madeira foi edificada em uma semana com recursos do GDF. Castor de Andrade doou toda a cobertura e 45 instrumentos da bateria de percussão. Festa pronta, convidados, lideranças comunitárias e sociais, coube a Fernando Viegas – diretor da fábrica da Skol, e Fonseca da Cerbras – Distribuidora, a noitada especial de cerveja. Inaugurada com casa superlotada com Selma Costa e Marquinhos Mocidade, abriu-se o 1º ensaio oficial da quadra. A MOCIDADE JÁ ERA UMA REALIDADE NO CARNAVAL DO DF! Ney Viana – Padre Miguel-RJ, fêz o primeiro show na quadra, junto com o grupo Samba-Ki-Rio.

Em 1987, com enredo homenagem a Castor de Andrade “Vale o que está escrito”, (Hiroito, Guadalupe e Dudu) a Mocidade conquistava o primeiro campeonato com 13 pontos de frente sobre a Bola Preta de Sobradinho. Festa igual só foi vista pela cidade do Gama, em 1998, quando o Gamão do Povão foi campeão da série B do Brasil. O campeonato da Mocidade em 87, parou a cidade do Gama. A taça chegou ao Gama por volta das 18 horas, houve desfile e carreata com a frota de caminhões da administração regional e carros particulares até às 21 horas. Cerca de 10 mil pessoas superlotaram o estacionamento e a quadra da escola, fato que obrigou a ligação dos refletores do Bezerrão para que a Skol pudesse distribuir cerca de 400 grades de cervejas e doze barris de chope. Foi o primeiro grande momento comemorativo na conquista de um título.

O resgate da paixão pelas coes da cidade (o verde), a falta de opções de lazer proporcionaram a cidade os melhores ensaios de carnaval do DF (de 1985 a 1989). Eram os últimos suspiros dos carnavais da saudade, onde ainda imperavam os bailes de salão com orquestras e as marchinhas de carnavais do passado. A escola cresceu mas, acabou se “dividindo” internamente. Com a disputa interna, acabou caindo para o grupo de acesso em 1990, pior resultado (5º lugar do grupo B), para, somente a partir de 1993, voltar para ficar no Grupo Especial. A mudança definitiva para Mocidade do Gama, tirando o “Independente” (da razão social), gerou uma crise que quase leva a escola a extinção. Com a morte de Iza Barboza, outros grupos tentaram “resgatar” a Independentes, afastando Paulo Roberto e correligionários.

Mas diante da resistência, acabaram “sucumbindo”. Faltava-lhes autoridade, paixão e a dedicação que sobrava ao fundador e outros fiéis seguidores que sustentaram a escola. Dentre eles pode-se destacar:
Pedro Teixeira, Aragão, Zé Campos, Paulo Nardelli, Salvador Rocha, Neguinho Vilmar, Vanderlei Zayat, Jota Mocidade, Hilma, minha esposa Cícera, e uma rapaziada de barracão e a garotada da bateria, que sempre “seguraram a barra” nos piores e especialmente nos melhores momentos.

Nessa sustentação de luta pela preservação da maior entidade cultural do Gama, foi indispensável duas décadas de entrega total do dirigente Pedro Teixeira e Vanilda Passos, juntamente com Eduardo e Mirislei, na última década, comandando a bateria e o carnavalesco Risco Santarém, entre outros parceiros e colaboradores, bem como ritmistas formados nos projetos sociais do SESI e do GDF, pessoal de barracão e ex-dirigentes – patrocinadores como Agnelo Queiroz, Agrício Braga, Paulo Goyas, Wilson Lima, Tonhão, Dep. Tadeu Filipelli, Senador Paulo Octávio, Pedro Alves, Cícero Sobrinho, Cícero Miranda, Fernando Viegas (diretor da fábrica Skol – anos 80), Fonseca da Cerbras, Antonio Barbosa do PSDB, Dep. Maninha, Elias Lopes, Márcio Cotrim, Gustavo Andrade (Guga), Rodrigo Rollemberg, Chico Vigilante, Zé (da TJ Fashion) entre outros políticos, amigos, empresários e parceiros que serão homenageados muito em breve em grande evento festivo. E outros colaboradores que igualmente serão lembrados e homenageados, incluindo aqueles qe por possíveis lapsos deixaram de serem citados nessa história.

Fundação: 1985

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